Dentro da política ambiental brasileira, o licenciamento ambiental representa uma importante ferramenta administrativa. Pautada na tutela de um viés sustentável, tal aparato legal se norteia por uma atuação balizadora entre a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento de atividades econômicas. Situa-se, pois, na fronteira entre o público e o privado, por personificar um dispositivo de interesse de distintos grupos sociais. Em razão disso, tem se tornado alvo de críticas, que apontam controvérsias sobre a sua eficiência e os impactos sociais gerados na sua aplicação, sobretudo no que consiste aos fatores cruciais de análise dos discursos envolvidos na sua construção, que acabam por gerar impactos sociais. A análise desses argumentos conceptivos são, portanto, um dos fatores cruciais para compreender os parâmetros da estruturação do licenciamento em questão. Em vista disso, o objetivo da presente pesquisa é avaliar o discurso ambiental materializado nos documentos e instrumentos que integram os procedimentos de licenciamento ambiental, tendo como local de pesquisa o município de Teresina, capital do Estado do Piauí. O método de pesquisa proposto é descritivo-exploratório, na perspectiva da análise documental como âncora para aplicação da ACD, com enfoque na relação linguística, social e de poder envolvida na atividade, utilizando de etapas para levantamento da construção legislativa do procedimento de licenciamento ambiental e do trâmite para instrução de processos, utilizando como fonte de dados, endereços oficiais de órgãos municipais, daí a pesquisa seguiu para avaliar o discurso ambiental materializado nos documentos oficiais e aplicação da análise crítica do discurso para reflexão dos problemas sociais sob uma perspectiva semiótica. Os resultados de pesquisa permitiram concluir que há desafios que devem ser enfrentados, como melhorias na disponibilização de acesso à informação. Visualizou-se um discurso ambiental direcionado à uma construção legislativa alinhada com premissas do discurso do desenvolvimento sustentável e da sustentabilidade, contudo, apresenta reduzida representatividade da complexidade ambiental. Por fim a ACD permitiu revelar uma hegemonia do discurso que favorece o poder centralizador estatal e apresenta uma tendência de afastamento ou omissão da participação popular no procedimento de licenciamento ambiental. Conclui-se que apesar de haver avanços legislativos no sentido de normatizar a atividade de licenciamento ambiental no município há, ainda, desafios e oportunidades para melhoria do procedimento, sendo necessário um enfrentamento que envolve tanto a construção discursiva da legislação relacionada ao tema, quanto instrumentos institucionais da atividade.