A presente tese busca analisar a escrita cultural, bem como a escrita contracultural, publicadas em Teresina durante os anos 1970, através da imprensa tradicional e da imprensa alternativa em um contexto histórico marcado pela busca de controle dos meios de comunicação por parte do governo, lançando mão de investimentos materiais e intervenções autoritárias, sob a lógica de um regime ditatorial dividido entre a repressão e a pretensão de legitimidade. Coloca-se em debate os diferentes modelos de escrita, mediante suas características e suas limitações. Observa-se que os jornais tradicionais seriam, em geral, majoritários, representativos e mais bem-sucedidos financeiramente. Já os alternativos mostravam tendência crítica, não conformista, possuindo identidade própria. O auge do jornalismo alternativo ocorreu entre os anos de 1968 e 1978, em paralelo ao período de maior controle da censura aos jornais tradicionais, dessa forma, estabeleceu-se o recorte com base na ideia de geração ou de uma “história em sanfona”, que se dilata ou se encolhe ao sabor da frequência dos acontecimentos. O mote central da presente tese encontra-se na maneira como o modelo de escrita alternativa desenvolveu-se enquanto efeito colateral ao recrudescimento do regime e como uma forma de resistência social em meios undergrounds. Discutem-se as nuances da atuação desses modelos jornalísticos em articulação com a conjuntura política da época, considerando as produções culturais e contraculturais de Teresina. O trabalho adota como suporte fontes hemerográficas desse período, com a análise dos jornais tradicionais O Estado, O Dia e Estado do Piauí, dos suplementos culturais O Estado Interessante e A Hora Fatal, além dos alternativos O Gramma, Toco Cru Pegando Fogo e Boquitas Rouge. Utilizam-se documentos oficiais da época focalizada, como leis, decretos oficiais e atos institucionais, assim como elementos da história oral obtidos através de entrevistas. O trabalho norteia-se por dimensões metodológicas balizadas por discussões da História e Imprensa, da História e Memória, da História Política, da História Oral e da História Cultural. Para tanto, o estudo recorreu predominantemente aos estudos culturais de Darnton (2016), Castelo Branco (2005) e Guerra (2019), interrelações entre política e imprensa através de Fontineles (2015), Kushnir (2012), Rêgo (2017), e Smith (2000), e sobre memória, história e esquecimento por meio de Marconi (1980), Thompson (2002) e Sirinelli (1996).