O Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença metabólica crônica caracterizada por hiperglicemia persistente, sendo um dos principais desafios da saúde pública mundial. Diante da necessidade de terapias complementares seguras e eficazes, este estudo teve como objetivo desenvolver um extrato seco padronizado a partir das folhas de Morus nigra L. e formular cápsulas gastrorresistentes com potencial aplicação como adjuvante no tratamento do DM2. Inicialmente, foi realizada uma prospecção científica e tecnológica nas bases PubMed, Scopus, Web of Science, EPO, WIPO, USPTO e INPI, que resultou na seleção de 22 artigos e 13 patentes. Os dados demonstraram que os efeitos anti-hiperglicêmicos das folhas estão relacionados à inibição das enzimas α-amilase e α-glicosidase, ao aumento da secreção de insulina, à melhora da resistência periférica e à modulação do perfil lipídico e antioxidante. Na etapa experimental, o material vegetal foi submetido à avaliação farmacognóstica, análise térmica (TG/DTG), granulometria e caracterização cromatográfica. Em seguida, foi aplicado um planejamento fatorial 2³ para otimizar as condições de extração, com as variáveis solvente, tempo e agitação. As melhores respostas foram obtidas com solvente hidroalcoólico (1:1), tempo de 60 minutos e agitação, atingindo teores de 135,74 ± 2,51 mg EAG/g de fenóis totais e 17,00 ± 1,23 mg EC/g de flavonoides. A secagem do extrato fluido foi conduzida em spray-dryer, com novo planejamento fatorial 2³ (temperatura, fluxo e adjuvante), sendo a condição ideal 130 °C, 3,0 mL/min e 30% de dióxido de silício coloidal. O extrato seco resultante apresentou 79,00 ± 7,23 mg EAG/g de fenóis e 20,16 ± 0,72 mg EC/g de flavonoides, além de elevada atividade antioxidante frente ao radical DPPH (CE50 = 3,52 µg/mL), estatisticamente equivalente ao ácido ascórbico. O perfil cromatográfico por CLAE-DAD demonstrou a presença de compostos fenólicos relevantes, com destaque para o ácido clorogênico, utilizado como marcador químico. O processo de secagem preservou parcialmente os constituintes bioativos, mantendo a atividade antioxidante e a complexidade fitoquímica dos extratos, especialmente sob condições brandas de temperatura e alto teor de adjuvante. Foi desenvolvido e validado um método por espectrofotometria UV-Vis para quantificar o teor de ácidos clorogênicos totais (ACT) no extrato seco. As cápsulas gastrorresistentes foram selecionadas visando à proteção dos compostos polifenólicos frente à degradação em meio ácido e à liberação seletiva no intestino delgado. Estas foram preenchidas manualmente e submetidas a ensaios de controle de qualidade físico-químico, como: peso médio, desintegração e dissolução em meio simulado com pH 1,2 e 6,8. A formulação apresentou desempenho satisfatório em todos os parâmetros avaliados, confirmando sua adequação para uso como sistema de liberação modificada com aplicação potencial como auxiliar no tratamento do DM2.