Introdução: As infecções sexualmente transmissíveis (IST´s) acometem os diversos
grupos populacionais independente do contexto social, cultural ou econômico. Porém,
populações vulneráveis, como a população privada de liberdade (PPL) têm maiores
chances de serem acometidas por alguma IST. Objetivo: Analisar os conhecimentos,
atitudes e prática de pessoas privadas de liberdade sobre as Infecções Sexualmente
Transmissíveis. Método: Estudo transversal, analítico, do tipo inquérito sorológico de
base institucional, realizado em cinco Unidades Prisionais, masculinas e femininas, no
Piauí em 2021. A população do estudo foi composta por 3.498 pessoas privadas de
liberdade e a amostra foi de 832 detentos. Para verificar a associação entre os desfechos
de interesse (conhecimento, atitudes e prática da PPL sobre prevenção e controle de
IST´s) e as variáveis independentes (aspectos sociodemográficos) foi utilizado o teste
do qui-quadrado de Pearson, ao nível de significância de 5%. As análises foram
realizadas no programa Stata, versão 16.1, utilizando-se o módulo survey e respeitando-
se o plano amostral complexo e a ponderação da amostra. A pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética e Pesquisa da UFPI (Nº 4.578.002). RESULTADOS: A maioria era
de internos da Cadeia Pública de Altos (26,7%), com idade de 25 a 34 anos (40,0%),
religião evangélica (37,2%), baixa escolaridade (70,9%) e sem companhia conjugal
(62,5%). As IST´s mais prevalentes foram a sífilis (9,4% nos homens e 9,3% nas
mulheres) e o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) (6,2% entre as mulheres e
0,9% nos homens). A maioria da PPL apresentou conhecimentos e práticas adequados
sobre ISTs, com pior desempenho para os homens, que obtiveram conhecimento e
práticas adequados em menos de 40%. As atitudes em relação às IST´s foram positivas
em mais de 80%, com frequência significativamente superior entre as mulheres (93,2%)
em relação aos homens (82,7%). CONCLUSÃO: Apesar de uma parcela da população
ter informações sobre as formas de transmissão e os sintomas das IST´s, não são
suficientes para provocarem mudanças nos comportamentos de risco, o que remete a
necessidade de maiores investimentos na educação em saúde desse seguimento
populacional. Ademais, novos estudos devem ser realizados a fim de investigar em que
momento esses indivíduos foram acometidos por alguma IST e como foram
acompanhados antes e durante o cárcere.